terça-feira, 3 de junho de 2014

Resenha: A doce vida (La dolce vita) - 1960

Título: A doce vida
Título original: La dolce vita
Direção: Federico Fellini
Roteiro: Federico Fellini, Tullio Pinelli, Brunello Rondi, Ennio Flaiano
Elenco principal: Marcelo Mastroianni, Anouk Aimée, Anita Ekberg, Magali Noel
Ano de lançamento: 1960
Duração: 174 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos.

Pra começar, vale o elogio para a edição especial lançada em DVD aqui no Brasil pela Versátil Home Video. Uma luva, com título em relevo e acabamento dourado e uma das mais belas capas que eu já vi (Ekberg na cena em que ela dança rock n roll) dentro, além do DVD do filme um outro disco com o documentário "A magia de Fellini".

O filme conta a história do jornalista Marcello, que cobre as matéria sobre as celebridades. Por tabela ele acaba frequentando as festas e desentendimentos da alta sociedade. Enquanto isso vê o seu casamento desmoronar em ruínas e a falta de um relacionamento significativo.

Quando você começa a assistir "A doce vida" pode até achar que o filme é lento. Afinal são quase três horas de duração. Admito que a primeira vez que vi o filme achei ele um pouco arrastado. Mas após relembrar, e depois de um tempo ver o filme pela segunda e terceira vez a minha opinião mudou. E para melhor. Especialmente na terceira vez.

Na primeira vez, parecia que tudo ia muito rápido e sem muita conexão entre uma coisa e outra. Até um pouco forçado. Na segunda, parece que tudo se encaixava, mas sem muita genialidade ou sentimento, apesar de toda a técnica e talento da equipe. Então pela terceira vez, eu fui arrebatado pela força do filme. Uma força que eu desconheci nas duas primeiras oportunidades. Foi como se eu tivesse retirado dos olhos o que estava encobrindo o brilho do filme. De repente tudo parece irretocável, os diálogos, a duração de cada cena, a trilha sonora, os atores, as cenas inesquecíveis (que não são poucas) que eu não havia dado muito valor anteriormente: Sylvia dançando, Marcello e Sylvia na fonte, Marcello comendo um ovo cozido no carro, o palhaço triste no restaurante, a busca por fantasmas em uma mansão abandonada. Além das duas cenas que agora para mim resumem o filme: a cena em que Marcello encontra a jovem garota trabalhando no restaurante e depois na cena final em que ele reencontra ela mas não reconhece-a na praia após uma festa. Sem dúvida duas das mais belas cenas do cinema, que resumem um filme belíssimo.

Fellini fazendo o que sempre fez de melhor: sendo Fellini.

Nota: 5/5.



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Resenha: Bravura indômita (True grit) - 2010


Título: Bravura indômita
Título original: True grit
Direção: Joel Coen, Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Adaptado do romance de Charles Portis
Elenco principal: Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin, Hailee Steinfeld
Duração: 110 minutos
Ano de lançamento: 2010
Classificação indicativa: 16 anos.

Na época do lançamento do filme em home vídeo, meados do primeiro semestre de 2011, eu havia assistido ao filme em dvd. Tinha altas expectativas, afinal, é um filme dos irmãos Coen. Vi e fiquei um pouco decepcionado. Três anos depois revisitei esse western. Agora em Blu-ray. E as primeiras impressões acabaram mudando.

Primeiramente gostaria de destacar a ótima qualidade de imagem do blu-ray da Paramount. O que valoriza (e muito) a fotografia Roger Deakins. Tons sóbrios, sem muita cor, mas que dão um ar diferente dos westerns típicos. Não sei se o filme chega a ser uma refilmagem do outro "Bravura indômita" de 1969 com John Wayne no papel de Rooster Cogburn, vi apenas algumas cenas dele. Ou é uma adaptação mais fiel do livro. Mas o que importa é que é um ótimo filme. Na primeira que assisti, fiquei um pouco perdido, sem entender um pouco o que estava acontecendo. Me pareceu simplesmente que a história foi jogada sem muita explicação. Personagens aparecendo e conversas que você não faz muita ideia sobre o que são. Coisa que acontece também em outro filme dos irmãos Coen: "Ajuste final". Porém, em uma segunda análise, tudo melhorou. O filme me pareceu mais sólido, o elenco mais afinado, a direção mais segura, o roteiro bem amarrado... Para mim ainda é um filme estranho. Tudo parece ocorrer com calma no filme, até mesmo as poucas cenas de ação. Não chega ser uma obra-prima do gênero, mas certamente é um grande filme, com um final um pouco amargo.

Nota: 4/5.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Resenha: Psychedelic pill - Neil Young - 2012


   Álbum: Psychedlic pill
                                                   Artista: Neil Young & Crazy horse
                                                   Ano de lançamento: 2012
                                                   Formação da banda: Neil Young, Poncho Sampedro, Billy  Talbot,   Ralph Molina, Dan Greco.
 
 
Encontrar esse álbum pode ser um pouco difícil, geralmente só importando sob encomenda ou encontrando a pronta entrega em alguma loja especializada do ramo. Eu consegui a pronta entrega na livraria cultura, não muito barato, mas a tabela de preços segue mais ou menos o mesmo padrão (em torno de R$90,00). Vamos deixar a economia pra depois, por quê o que realmente importa é o que vamos ouvir nesse álbum. Que confesso, tinha grandes expectativas.
 
A primeira música: "Drifitin back", hipnotizantes 27 minutos de Neil Young e Crazy horse. A faixa mais longa do álbum (a terceira mais longa da carreira do Neil) pode assustar alguns pela duração. Podem achar que ela fica cansativa e etc. Mas a verdade é que ela não deixa o nível cair em momento algum nos 27 minutos. Ela cria a atmosfera para o que está por vir. "Psychedelic pill" é a segunda, muito boa também. Como o próprio nome sugere tem um efeito psicodélico muito bom, mas eu prefiro a mixagem alternativa no fim do álbum (bônus track), que é mais cru. Mas a ideia é ser psicodélico, tá, tá eu sei. Vamos continuar. Em seguida uma das melhores do álbum: "Rammada inn". Aqui Neil Young (e toda a trupe) mostram estar em forma. Com pouco mais de 16 minutos, nós temos a já usual guitarra de Neil, o apoio entrosado da banda e um ótimo refrão cantado com um "feeling" incrível. A quarta música, pra fechar o primeiro CD (é um álbum duplo) é "Born in Ontario", nada muito especial, talvez a menos interessante do álbum, mas ainda sim é um bom exemplo de um bom folk-pop.
 
No segundo CD, pra abrir é a ótima "Twisted road", uma homenagem a canção "Like a rolling stone" do Bob Dylan. Leve e com ótima letra relembrando os velhos tempos consegue manter o ótimo nível do álbum até agora. "Shes Always dancing" é a próxima, depois de duas músicas mais lentas, nessa Neil volta a agitar com bons solos e boa letra. A quarta é "For the love of man", a mais tranquila do álbum, sem guitarras explodindo os alto falantes ou algum solo insano. Uma canção mais para sentir a letra e refletir. E pra fechar, em altíssimo nível, a melhor do álbum (pelo menos pra mim), o épico de 16 minutos "Walk like a giant". Riffs esmagadores, guitarra pesada e toda a banda mandando bem. Aqui Neil canta o fracasso da busca por um mundo melhor nos anos 60, lamenta a derrota, mas segue em frente, caminhando como um gigante. Simplesmente épico. Direto para o rol das melhores canções da carreira de Neil Young. Depois de uma canção esmagadora e mais de uma hora do bom e velho rock, tomamos mais um "comprimido psicodélico", e seguimos em frente, por que nunca é tarde para mudarmos o mundo.
 
No fim das contas o álbum realmente mostra que, como já cantava Neil Young nos anos 70, o rock nunca morrerá. E é sempre um prazer ver velhos dinossauros tocando no mais alto nível. O único porém, é que em alguns momentos o álbum pode ficar cansativo para quem não for muito fã. Sem dúvida um dos melhores álbuns de rock dos últimos 20 anos, tem tudo para se tornar um clássico no futuro. Obra prima? Só o tempo dirá.
 
Nota: 4/5.
 
 
 



quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dicas por Brian Koppelman no Vine

Se você pretende escrever uma história, um roteiro, ou simplesmente por curiosidade, vale a pena conferir as dicas (cada uma com 6 segundos de duração) do Brian Koppelman no Vine. Roteirista de filmes como "Cartas na mesa", "O júri", "Treze homens e um novo segredo", entre outros, ele comenta questões e dúvidas que todo artista faz para si mesmo ao longo do processo criativo. Está em inglês, sem legendas, mas se você só arranha o idioma já é o suficiente. Abaixo, segue o link:

http://vinebox.co/u/wyxqeeKCUdU

Resenha: Ruas de fogo (Streets of fire) - 1984


Título: Ruas de fogo
Título original: Streets of fire
Ano de lançamento: 1984
Diretor: Walter Hill
Roteiro: Walter Hill e Larry Gross
Elenco principal: Michael Paré, Diane Lane, Rick Moranis, Amy Madigan e Willen Dafoe.
Classificação indicativa: 14 anos.
Duração: 93 minutos.

Sinopse: A estrela do rock Ellen (Diane Lane) é sequestrada pelo líder de uma gangue de motoqueiros Raven (Willen Dafoe). O seu ex-namorado Tom(Michael Paré) é o encarregado de resgatá-la, com a ajuda do seu empresário (Rick Moranis) e uma ex-soldado do exército Mcoy (Amy Madigan).

Uma fábula de rock and roll.

Fiquei com vontade de ver o filme após ouvir em uma rádio uma das músicas da trilha sonora. "I can dream about you" era a música. Aposto que você já ouviu ela alguma vez. Acabei conferindo a versão brasileira do trailer do filme, o que aumentou a minha curiosidade. Pouco tempo depois tive a oportunidade de adquirir o dvd. Assisti. Passaram-se alguns anos e acabei de revê-lo. Vamos a análise.

O filme se passa em algum lugar no tempo. Uma espécie de futuro em que os carros e as pessoas parecem ter saído direto dos anos 50. No meio de um show a vocalista da banda é sequestrada pelo líder da gangue dos motoqueiros malvados interpretado por um Willen Dafoe ainda jovem. A partir daí o filme se desenrola em torno da ideia do ex-namorado da vocalista ir resgata-la das mãos do criminoso. Em uma montagem rápida, o filme consegue manter o ritmo acelerado pelos mais de 90 minutos de película. Um ponto positivo é a escolha do elenco, com atores muito bem casados com seus papéis, principalmente Rick Moranis. O porém do elenco fica para Michael Paré que em alguns momentos parece estar imitando Sylvester Stallone em início de carreira. Boas músicas, com números musicais que não se prolongam por muito tempo, o que é bom. Direção e roteiros corretos, que não surpreendem muito mas que mantém um bom nível. No mais, boas cenas de ação e perseguição com pitadas de humor.

Na soma de prós e contras o que resta é um bom exemplo de um bom filme de ação oitentista que acaba rendendo uma boa diversão para um sábado chuvoso.

Nota: 3/5.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Resenha: Exile on main street - The Rolling Stones - 1972

Álbum: Exile on main street
Artista: The Rolling Stones
Ano de lançamento: 1972
A banda na época: Mick Jagger, Keith Richard, Charlie Watts, Mick Taylor, Bill Wyman e alguns convidados no sax, trompete, trombone, órgão e piano.

O quarto álbum dos Stones de uma sequência espetacular iniciada com Beggar Banquet (68), Let It Bleed (69), Sticky Fingers (71) e finalmente Exile On Main Street (72).

 As gravações em sua maioria foram realizadas na casa de Richard em Paris. Eles haviam fugido da terra da rainha por problemas fiscais, e para impedir que os seus bens fossem confiscados pelo governo ele decidiram se refugiar na França. Começavam então as gravações de um dos maiores álbuns da história do rock.

A primeira, abrindo o álbum, é "Rocks off". Uma das melhores faixas do disco com vocal muito bem trabalhado por Jagger e riffs matadores de Richard. Passamos para "Rip this joint", que foi utilizada nos créditos finais de um episódio do desenho animado dos Simpsons quando Homer vai até um acampamento do rock. "Shake your hips" e "Cassino boogie" são as próximas, boas também, mas nada muito especial para ser destacado. A quinta faixa é a contagiante "Tumbling dice", um clássico da banda. Em seguida temos "Sweet Virginia", uma das minhas favoritas do álbum, ela tem um ritmo lento, mais próximo de um folk/jazz/blues com um solo de saxofone que dá um charme extra para a canção. As próximas são: "Torn and frayed", "Sweet black angel" (muito boa), "Loving cup" (clássico, teve uma versão gravada com Jack White no álbum ao vivo "Shine a light"), "Happy" ( Keith mandando bem também no vocal), "Turn on the run", "Ventilator blues", "I just want to see his face", "Let it loose" (essa toca no filme "Os infiltrados" de Martin Scorsese, na cena em que DiCaprio é revistado no bar), a agitada "All down the line", "Stop breaking down" e a penúltima faixa pra fechar com chave de ouro, a minha preferida do álbum: "Shine a light". E por último "Soul survivor".

Resumindo: Um álbum que capta os Stones em sua melhor forma, fazendo a utilização de metais e passeando pelo blues e gospel sulista. Tudo isso com a maestria que só eles conseguem fazer. Uma aula do bom e velho rock indispensável para qualquer fã (ou não) da banda. Se você estiver em dúvida se irá comprar ou não esse álbum, não pense duas vezes. Você não irá se arrepender.

Nota: 5/5.